O Artista

Luis Bitencourt vive e trabalha em Washington, D.C., e em Ipanema, Rio de Janeiro. Originalmente Matemático e Doutor em Ciência Política, Luis gosta de dizer que ele deveria ser pintor. Auto-didata, ele desenha e pinta em óleo e acrílicos por mais de 40 anos. Seu estilo é vigoroso e colorido mesclando a herança cultural brasileira e influências norte-americanas e variando do figurativo ao abstrato.

Como ele diz, ele pinta por prazer: “Eu tinha, talvez, uns cinco anos de idade e tudo começou com meu triciclo. Eu achei uma caixa de tintas a óleo em um depósito e usei-a toda para pintar meu veículo. Ficou, é claro, um desastre, particularmente considerando que a tinta a óleo não seca com rapidez e eu decidi pedalar um pouco no meu recém pintado, multicolorido triciclo. Estou certo de que minha mãe não deve ter apreciado muito a aparência artística das minhas roupas e tampouco do meu veículo. Entretanto, também estou quase certo de que ambos seriam considerados obras primas por artistas modernos.”

De todo modo, a despeito desse começo desafortunado, Luis nunca mais parou de pintar e desenhar em quase tudo: em guardanapos, em cadernos escolares, em folhas soltas, e mesmo em telas.

“Pintar me faz feliz,” ele explica.

“Quando perguntado sobre o meu estilo, eu tenho alguma dificuldade para responder. Durante minha jornada de auto-aprendizagem eu fui influenciado por muitos artistas, estilos, e histórias.”

O estilo não é certamente acadêmico. E não é completamente abstrato, pelo menos na maioria dos seus trabalhos. Mas há certa consistência ao longo de muitos anos, revelada na ansiedade em criar emoções sobre formas e cores.

“Há alguns anos, eu redescobri a tinta acrílica e voltei a usá-la, inicialmente, por uma questão de conforto pessoal. A tinta a óleo e quente e amiga. Mas requer tempo de secagem mais longo, o que cria um problema de acomodação em estúdios pequenos. A tinta acrílica seca muito mais rapidamente e não deixa muita margem para correções. Como resultado, a espontaneidade emerge. Além disso, a qualidade da tinta acrílica melhorou extraordinariamente nas últimas décadas. Entretanto, estou certo de que em algum momento estarei de volta aos óleos... Realmente, eu não tomo essas decisões de forma pensada ou planejada. Eventualmente, eu me surprendo por me ver trabalhando com materiais diferentes.”

Luis também gosta de pintar grande, em largas telas, e ele divide o seu trabalho em períodos dominados por influências específicas. Há uma década, ele produziu uma larga séria de óleos inspirado pela noção de “Encontros”, sob a influência filosófica de Baruch Espinoza; especialmente a ideia de que alguém pode pensar a vida com base nos “encontros” que teve ao longo da jornada. De fato, a maioria dos trabalhos de Luis no período pode ser interpretada como encontros, inclusive com o próprio eu interior de cada um .

Mais recentemente, Luis Bitencourt vem pensando e pintando extensamente sob a idéia de que “Visões” tem importância crítica para a vida. A percepção do que está ao redor, e particularmente, do que poderia estar ao redor, produz mudanças extraordináiras na vida humana. Isto é o que Luis busca capturar em seus trabalhos mais recentes, seja retratando personalidades como Mandela, Lincoln, Kennedy, ou Madre Teresa, que produziram mudanças a partir de suas fortes visões de vida. Ou pintando cenas ordinárias, mas vistas desde suas lentes “visionárias”. Em tudo, seu estilo é marcante e inconfundível.